"Estados Unidos do Mundo"
- Rolins
- 17 de ago. de 2021
- 4 min de leitura
O Afeganistão trás a tona uma realidade que há muito tempo algumas pessoas já enxergaram, a politica da boa vizinhança nem sempre vem abdicada de interesses.

Cenas impressionantes de pessoas desesperadas invadindo o aeroporto em Cabul e tentando se agarrar a um avião militar, logo após despencando direto para a morte, nos faz pensar até onde um país realmente tem o direito de interferir em questões da soberania nacional de outro país.
Claro que a maioria do povo afegão, ou grande parte dele, não aceita um regime autoritarista e nem deveria aceitar, regime onde homens são obrigados a deixar crescer a barba, e mulheres são tratadas praticamente como propriedade particular de alguém, um regime que distorce os ensinamentos da religião muçulmana, de modo a ter o domínio através do medo e da força, de modo a aniquilar quem não compartilha das ideias de "Alá" e dos ideais do Talibã. Porém, até onde vão os interesses americanos, donos ainda de uma grande potência no mundo, interesses esses camuflados pelo discurso em obter a paz mundial?
Depois da trágica lambança, para não dizer outra coisa, que os Estados Unidos cometeram com o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki no Japão, com a desculpa de por fim a segunda grande guerra, os americanos se transvestiram de heróis, bons moços, ‘cowboys’ cavalgando pelo mundo e fazendo justiça ao modo que eles compreendem que seja justiça, justiça essa sempre munida de algum interesse é claro, pois na cabeça deles, não de todo o povo americano, mas de uma parcela e da maioria dos políticos e militares, é muito justo sim, pacificar um país, libertar o povo mal tratado e ficar com parte de suas reservas naturais, como o petróleo, por exemplo.
Aqueles que não se curvam ao Tio Sam, sofrem represálias enormes como embargos e exclusões, países como a Rússia, China, e a própria Coreia do Norte, são taxados como nações perigosas, inimigas, por conta de a exemplo dos Estados Unidos, investirem no aumento de seu potencial bélico e tecnológico, para assim se defenderem do "gafanhotismo" norte-americano. Espero sinceramente que o Brasil, diferente dos países que citei, encontre uma forma pacifica de zelar pela Amazônia contra o "zoião yankee", pois no futuro a água valerá muito mais que o petróleo, ninguém estará mais interessado no pré-sal, carros elétricos e até movidos por placas solares, estão a cada dia aumentando a frota de veículos movidos a energia limpa e renovável, e todos sabem que temos o maior aquífero do mundo em nossa floresta, sem contar ainda com uma quantidade infinita de substâncias contidas em plantas, insetos e animais, que podem ser usadas na produção de drogas licitas em forma de medicamentos.
Apenas um louco faria apologia ao terrorismo e teria como heróis Saddam Hussein e Osama Bin Laden, mas existe uma grande ingenuidade em uma parcela da humanidade que considerara que os Estados Unidos fazem tudo em nome do bem comum. Eles até realmente receberam dos céus essa missão, porém se perderam pelo caminho, por conta de uma cruel ambição contida ainda no ser humano.
Grandes barbáries, mortes de inocentes, poderiam ser evitadas no Vietnã, na Guerra Fria, no Irã e Iraque, em muitas batalhas, se os Estados Unidos, considerado por muitos como o Grande Satã, deixasse o trabalho de pacificar para a ONU, ao invés de querer findar o sofrimento promovendo mais sofrimento através de ataques a países com potencial bélico inferior aos deles. Essa historia da melhor defesa ser o ataque, funciona talvez no futebol, a realidade é algo muito mais serio, não se brinca com vidas, essa coisa de o único caminho de se buscar a paz, ser através da guerra, é coisa de governantes mesquinhos, interesseiros e mentalmente inferiores.
Sabe aquela historia de que vou me meter sim, na briga de marido e mulher, porque pode haver uma fatalidade? Sim, em muitos casos é necessária tal atitude, mas em grande parte dos casos também acontece do "herói" estar de olho na mulher do "próximo", cheio de coragem para espancar o marido valentão, e ser o próximo a ter a "mocinha" em seus braços, para lhe dar muito amor e carinho.
Países como Alemanha, Portugal e França, dão exemplo de como agir em uma grande crise humanitária, como a que esta ocorrendo no Afeganistão, estes, estão dando abrigo aos refugiados, recebendo de braços abertos povos que são nossos irmãos, que fazem parte do todo da humanidade, pois, se tais atitudes fossem tomadas antes do acontecimento de uma guerra, se civis descontentes em seus países fossem recebidos por outros países, mesmo tendo que deixar seus pertences, suas terras, suas origens, muita mortalidade, muita carnificina teria sido evitada ao longo dos seculos, pois deveríamos ter em nossas consciências que o mundo é nosso, o planeta inteiro, não somos arvores enraizadas e por muitas vezes mal tratadas, não cuidadas por quem nos plantou. É muito fácil e conveniente para um governante, em muitos casos um ditador enrustido, exigir patriotismo, obediência e respeito as cores de um país, a bandeira, as leis de uma constituição, jogando com o psicológico, com o emocional, usando os sentimentos de cidadãos com amor por uma terra, sentimentos que na maioria das vezes nos fazem cegar, e não ver o descaso, o desrespeito, a falta de cuidados que certos lideres tem por nós.
Até mesmo o reverenciado e aclamado ex presidente americano Barack Obama, um democrata, intensificou ataques a países do Oriente médio, promovendo a destruição de muitas famílias, sempre usando de desculpa a guerra contra o terrorismo, pois deixo a pergunta no ar, matar ou morrer por Alá é menos digno que matar ou morrer pelo Deus da Santíssima Trindade, ou por Hórus?
Bom, que Alá tenha misericórdia pelo povo afegão, e que em verdade Deus "salve" a América, e a perdoe!
Rolins
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